Autoridades de saúde de São Paulo investigam 22 casos de contaminação por metanol

Subiu para cinco o número de mortos por intoxicação com metanol no estado de São Paulo, segundo o secretário estadual da Saúde, Eleuses Paiva. Os casos ocorreram na capital e na região metropolitana.
Agente segura garrafa de bebida alcoólica com rótulo laranja enquanto outra pessoa ao fundo segura garrafa com tampa vermelha. Ambos usam coletes amarelos, indicando atividade de fiscalização.

Garrafas apreendidas durante fiscalização em bar na Mooca, zona leste de São Paulo, nesta segunda (29) – Divulgação/Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo

A declaração foi dada nesta terça-feira (30) em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Também participaram da coletiva o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.
De acordo com Eleuses, há no total 22 casos envolvendo intoxicação por metanol —7 confirmados e 15 em investigação. Desses, cinco pessoas morreram, sendo que até o momento em apenas um desses casos há confirmação de que a morte se deu após a ingestão de bebida adulterada.
Agente segura garrafa de bebida alcoólica com rótulo laranja enquanto outra pessoa ao fundo segura garrafa com tampa vermelha. Ambos usam coletes amarelos, indicando atividade de fiscalização.
Garrafas apreendidas durante fiscalização em bar na Mooca, zona leste de São Paulo, nesta segunda (29) – Divulgação/Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo
De acordo com Tarcísio, todos os estabelecimentos em que houver indícios da presença de bebidas adulteradas serão interditados de forma cautelar.
“Não podemos deixar [o estabelecimento] continuar comercializando bebida se temos uma suspeita de que está comercializando bebida fraudada. É uma forma também de checarmos toda a documentação e garantir a segurança da população”, afirmou.
Especialistas dizem que a contaminação de bebida alcoólica por metanol tende a acontecer em casos de falsificação —a substância tóxica pode estar presente em álcool adulterado ou mesmo ser adicionada para aumentar o teor alcoólico de forma barata. A contaminação pela substância não altera o sabor ou cheiro do produto, fazendo com que só seja possível detectá-la com análise em laboratório.
Ainda não se sabe qual é a origem do metanol, nem como as garrafas foram contaminadas. A Polícia Civil investiga bares e adegas suspeitas, locais por onde passaram os pacientes intoxicados.
O governador disse ainda que, por ora, não há indícios de que a adulteração de bebidas com metanol tenha conexão com atividades da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). “Tudo o que acontece agora em São Paulo é PCC. Não tem evidência nenhuma de participação do crime organizado nisso”, afirmou Tarcísio.
Em entrevista coletiva em Brasília, também nesta terça-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que a Polícia Federal abriu na segunda (29) um inquérito para investigar os casos de bebida com metanol. O órgão vai verificar a procedência da substância e se existe distribuição em outros estados, bem como responder se há envolvimento do crime organizado.
Lewandoswki disse que a situação é grave e foge dos padrões comuns. Segundo ele, “ao que tudo indica, [a rede de distribuição] transcende os limites de um único estado”, apesar de, no momento, as ocorrências estarem concentradas em São Paulo.
O diretor da PF, Andrei Rodrigues, disse que o órgão vai investigar o caso e que as respostas virão em “um curto espaço de tempo”. Também disse que esse trabalho será feito junto com outros órgãos, como a Polícia Civil de São Paulo.
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