O presidente Lula recebeu nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto, um grupo de bispos e parlamentares evangélicos, num gesto simbólico de aproximação com um dos públicos mais resistentes ao seu governo. Mas o que chamou atenção no encontro foi a presença de Jorge Messias, advogado-geral da União — e nome mais cotado para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso.
Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Messias, que é evangélico, já vinha sendo apontado como favorito nos bastidores. Técnico, discreto e próximo de Lula, ele tem o perfil que o Planalto busca para a Corte — com um diferencial: capacidade de diálogo com setores religiosos. A presença dele nesse encontro, justamente ao lado de líderes da Assembleia de Deus e da bancada evangélica, fortaleceu ainda mais os indícios de que sua indicação está muito próxima de ser oficializada.
Messias deve ser indicado para a vaga do ministro Luís Roberto Barroso, que se aposentou antecipadamente da Corte, aos 67 anos de idade, quando poderia ficar no STF até os 75 anos.
Durante a reunião, Lula agradeceu o apoio e as orações dos pastores, e reforçou sua admiração pelo trabalho espiritual e social das igrejas. Nas palavras do presidente, os valores cristãos como fraternidade, respeito e apoio às famílias também mobilizam as ações do seu governo. Já os parlamentares, como o deputado Cezinha de Madureira, negaram qualquer negociação sobre a vaga no STF — disseram que o encontro foi apenas de fé, e não de pedidos.
A expectativa agora gira em torno do anúncio oficial, que pode acontecer a qualquer momento. Se confirmado, Messias ainda precisará ser sabatinado e aprovado pelo Senado. Enquanto isso, o governo segue buscando abrir caminhos com o eleitorado evangélico, mirando 2026. Segundo a última pesquisa Quaest, 34% dos evangélicos aprovam o seu governo. No mês passado, o presidente chegou a criticar o uso político da fé, dizendo em entrevista ao podcast Papo de Crente que a religião não deve ser explorada eleitoralmente.