Conheça o cabotegravir, a 1ª injeção contra o HIV já à venda no Brasil

Entenda como funciona o novo medicamento que dispensa comprimidos; injeção contra o HIV é considerada alternativa eficaz à PrEP diária

Depois de muita expectativa, já é realidade no Brasil uma injeção contra o HIV. O cabotegravir, medicamento injetável de longa duração contra o HIV, começou a ser vendido na rede privada do Brasil em agosto de 2025. Registrado pela Anvisa em 2023 e comercializado como Apretude, o fármaco surge como alternativa à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) oral, que exige o uso diário de comprimidos, e é indicado para pessoas em situação de vulnerabilidade, como trabalhadores do sexo ou moradores de regiões com alta incidência do vírus.

Apretude (nome comercial para o cabotegravir) é a 1ª injeção contra o HIV já à venda no BrasilApretude (nome comercial para o cabotegravir) é a 1ª injeção contra o HIV já à venda no Brasil – Foto: Divulgação

Apesar de ainda não estar disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), há esforços para viabilizar a distribuição do medicamento na rede pública. Na rede privada, a dose custa cerca de R$ 4 mil, valor que pode variar conforme o canal de compra, a região e serviços de aplicação. O fármaco é distribuído pela Oncoprod e está disponível em clínicas e farmácias, com opção de entrega domiciliar.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou cerca de 46,5 mil novos casos de HIV em 2023, e projeções indicam que até 2033 o total de novos diagnósticos pode chegar a 600 mil.

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Estudos publicados, como o do ‘Value in Health’ (dezembro de 2024), apontam que a PrEP injetável poderia prevenir aproximadamente 385 mil dessas infecções — não por ser mais eficaz que a versão oral, mas por facilitar a adesão ao tratamento.

Pesquisas no Brasil mostram boa aceitação da modalidade injetável, especialmente entre os jovens: entre participantes de 18 a 29 anos, 83% preferiram o cabotegravir, enquanto em adolescentes de 15 a 19 anos, os principais motivos foram não precisar tomar comprimidos diariamente e não precisar carregar a medicação. Entre usuários de PrEP oral, 14% migraram para a versão injetável.

Conheça o cabotegravir, a 1ª injeção contra o HIV já à venda no Brasil

O cabotegravir é indicado para adultos e adolescentes a partir de 12 anos, com peso mínimo de 35 kg e teste negativo para HIV antes do início do uso. O esquema começa com duas doses mensais e passa para aplicações bimestrais de 600 mg por via intramuscular. O método já é utilizado em países como Estados Unidos, Quênia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.

Do ponto de vista farmacológico, o cabotegravir pertence à classe dos inibidores da integrase (INSTI), que bloqueiam a integração do DNA viral do HIV ao material genético das células de defesa, impedindo a replicação do vírus e o estabelecimento da infecção crônica.

Especialistas reforçam que HIV e AIDS não são sinônimos: o HIV é o vírus que infecta o organismo, enquanto a AIDS é a consequência de uma infecção prolongada e não tratada.

O cabotegravir é indicado para adultos e adolescentes a partir de 12 anos, com peso mínimo de 35 kg e teste negativo para HIV antes do início do uso
O cabotegravir é indicado para adultos e adolescentes com peso mínimo de 35 kg e teste negativo para HIV antes do início do uso – Foto: Divulgação

Para o infectologista Alexandre Naime Barbosa, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o cabotegravir representa uma mudança significativa na prevenção. Entrevistado pela Veja, ele afirmou os benefícios:

“Com doses a cada oito semanas, a PrEP injetável torna mais fácil manter o esquema completo, eliminando barreiras como estigma ou dificuldade de tomar medicação diária. Isso é especialmente relevante para pessoas jovens, trabalhadores do sexo, migrantes ou mulheres que enfrentam barreiras culturais e sociais para usar a medicação diária”, afirmou.

O infectologista Rodrigo Zilli, diretor médico da GSK/ViiV Healthcare, produtora do fármaco, afirma que a empresa mantém diálogo com autoridades para ampliar o acesso.

Segundo Barbosa, disponibilizar a PrEP injetável no SUS não é apenas uma questão de acesso, mas também de eficiência econômica, já que investir na prevenção reduz custos associados ao tratamento do HIV ao longo da vida.

Como ainda não há informações sobre a disponibilidade do cabotegravir na rede pública (SUS) também não é possível afirmar quando será disponibilizado em Santa Catarina.

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